05 de fevereiro de 2018
Nasci com fantasias de carnaval porque no Recife. Aqui, qualquer instituição ou publicação, para ser levada a sério, cria seu próprio bloco de carnaval. Por isso preferi ser chamada de bloco e não blog.
Hoje é dia de minha apresentação a sério, para além da biografia burocrática que está escrita abaixo de meu retrato. Primeiro, os agradecimentos.
Carlos Guido de Araújo tem sido meu assistente para assuntos de informática e tecnologia em geral. O tanto dos problemas que resolve é maior do que o preço das aulas. Quase todos de minha geração que, por necessidade de ofício ou por lazer são obrigados a usar computador e celular inteligente, tornam-se jovem-dependente. Pode ser um filho, um neto, alguém que decifre os vários e infernais comandos. Eu, chego ao cúmulo de temê-los. Quando decidi criar um blog, conversei com Carlos e ele, dizendo que é a coisa mais fácil desse mundo, prontificou-se a fazer para mim. Igual fosse um filho, um sobrinho: de graça. Ensinou-me como postar e disse o mesmo: “é fácil”. Eu consegui. Gastando dez vezes mais tempo que ele, coloquei no ar uma matéria e a respectiva fotografia. Que felicidade! Mas alegria de pobre dura pouco. Mando os textos e as precárias fotos que eu mesma providencio, Carlos posta. Ufa!
O bloco só saiu à rua porque ensaiou bastante. A “Revista Será?” foi o espaço onde publiquei as primeiras crônicas. Algumas boas. A maioria, sofríveis. Além disso, na divisão de trabalho entre os editores, coube-me a revisão dos textos e a seleção do que publicar. Com isso, exercitei aptidões úteis para quem estava em treinamento para ser escritora. Contudo, com o isolamento dos dois anos que morei na Serra da Mantiqueira, com sinal precário de internet, tive que sair do Conselho Editorial. Permaneci na revista como colaboradora. Nessa condição, tenho publicado quinzenalmente uma série de crônicas nomeadas “Diários do Pina”. A revista não comportaria o ritmo de minha escrita, que se desdobrou no Bloco Momentear.
Nos últimos dois anos que morei em São Paulo, criamos, Flora Gonçalves e eu, um grupo de leitura, principiando com Miguel de Cervantes e depois Guimarães Rosa. Ao retornar ao Recife, encontrei na Oficina Literária Clarice Lispector esse espaço. Sob a coordenação de Lourdes Rodrigues, descobri novos autores, reli outros, e fui intimada a escrever. Não queria publicar nenhum dos meus contos nas duas primeiras coletâneas, por incipientes. Porém, num certo ponto da escrita de meu romance, um insight decisivo para o enredo estava lá, em um dos contos. Precisei tão somente retirar uma capa sob a qual estava encoberta a personagem e lá estava ela, nua, linda! Afinal, não é mesmo essa a missão de uma oficina de literatura? Preparar escritores?
Last but not least, um impulso decisivo para minha febre de escrever nasceu com a participação em um grupo de leitura da obra de Gaston Bachelard. Sob a batuta de Sílvia Laurentino, buscamos nesse filósofo inspiração para devaneios e criação artística.
Depois dos agradecimentos, a dedicatória. A do romance já está pronta antes dele chegar a termo e será conhecida a seu tempo. Os Diários do Pina, à belle soeur Maria del Rosário Suarez Alban. Esse blocomomentear, dedico a meus filhos Miguel e Pedro.