Brincadeiras

A Silvia Laurentino

23 de fevereiro de 2018

Escrever ficção é fazer palavras cruzadas tomando banho de mar. Os neurônios à postos para trabalhar, vestem roupas de praia. Vão brincar de palavras. Quando brincam, viram crianças. É por isso que se recomenda aos velhos fazer palavras cruzadas. Enquanto os neurônios brincam, rejuvenescem.

Com as palavras cruzadas, é a brincadeira de esconde.

No meu tempo de menina, a melhor era Trinta e um. Nunca me perguntei por que esse número e não trinta e dois, trinta e três, a idade de Cristo. Era Trinta e um. Um de nós, o grupo de meninas e meninos, colocava-se contra uma parede ou árvore. O rosto dentro do braço curvo por cima da cabeça, cego. Ganharia tempo quanto mais depressa contasse. Os demais corriam para se esconder. O primeiro encontrado, esse iria para o mesmo muro ou árvore contar até trinta e um. E a brincadeira continuava, até um adulto vir acabar a festa, que era hora de tomar banho e ir para a cama dormir.

Porém o que mais gostam os neurônios não é dessa brincadeira de esconde. É brincar dentro do mar. Por isso, quando têm permissão para brincar, a primeira coisa que fazem é vestir suas roupas de banho. Ah! Neurônios adoram uma praia! Lá, eles não fazem palavras cruzadas. Criam com as palavras. Jogam bola dentro do mar. Cada bola tem uma palavra escrita. Jogam para lá, para cá, constroem uma frase. Que vira um parágrafo, uma página, duas …

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