Diário do Pina 02 de novembro de 2019

Todos, um dia, têm alguém querido que morre,
entre ser ou não ser
foi obrigado a escolher o segundo.

Wislawa Szymborska (1923-2012). Tradução: Eneida Favre

 

Hoje, dia de finados, comemorei com festa, como fazem os mexicanos. Não costumo comemorar dia das mães, dia dos pais, dia das crianças, dia dos namorados... Talvez tenha levado muito a sério a lição aprendida em casa com meus pais, que esses são dias inventados pelo comércio para vender. Um dia, os meninos ainda eram crianças, chegando à adolescência, cansei e decretei: “De agora em diante, quero sim, ganhar presente de loja no dia das mães, e não apenas os desenhinhos da escola”. Mas já era tarde. Miguel, com o seu humor inglês, revidou: “E o dia das crianças, que ficamos esse tempo todo sem presente? Ah, não, agora é tarde”. 

Depois que perdi o primeiro afeto, ainda fui um ano, acompanhando minha mãe, ao cemitério de Bezerros no dia de finados

Sozinha, sem tristeza, mas com a alegria da vida que segue, preparei a receita de pasta que era o carro-chefe da culinária do Hamilton. Abri um bom vinho espanhol da região La Rioja, usei um pouco no preparo do molho ao sugo e que ademais também vai na receita, e tomei uma boa taça enquanto preparava a receita e no almoço às duas da tarde.

Aqui, onde o quadro mais bonito da casa continua sendo o mutante oceano Atlântico, feriado, a praia estava lotada. A peste negra, que invadiu as praias do Nordeste, não aportou no Pina. E o povo até esqueceu os tubarões e muitos entraram no mar. Eu não posso ainda porque estou tratando de uma rosácea no rosto (problema de pele branca, em situações de stress; e a viagem à Europa foi um stress só) e não posso ainda tomar sol. Mas, quase boa,  volto a visitar meus amigos tubarões. Por enquanto, caminho de 4:30 às 5:30 com protetor solar e chapéu, e vejo o sol nascer, no verão que finalmente chegou. 

 

Deixe um comentário