De livros e de dinheiros

08 de dezembro de 2024

Hoje, pela primeira vez na vida, entro na Amazon com meu nome na busca. Como nunca me ocorreu isso antes? A sensação é de estranheza, por me ver assim, exposta à venda. Aí me deparo com a primeira surpresa: o livro aumentou de preço. A editora não havia me falado quarenta e cinco? Como lá na Amazon está por cinquenta e um reais e oitenta e sete centavos? Mas lá, meus queridos, tem uma facilidade: pode pagar em até duas vezes sem juros. Ra, ra, ra. Muito estranho estar assim à venda. Cinquenta e um em duas parcelas sem juros…

Essa também é a primeira vez na vida em que vejo os cifrões de um livro meu entrarem diretamente no meu bolso. Até então, as editoras pingavam uns trocados na minha conta, espaçadamente. Não daria para uma noitada de chopp. Era como se, naquele tempo, publicar um livro fosse algo puramente intelectual, sem significado financeiro algum para mim. No lançamento, pagava-se na livraria e eu só autografava. O livro era parte de meu curriculum Lattes.

Dessa vez, qual um caixeiro viajante, levei meu próprio embornal com os exemplares para venda. Jovens amigas me ajudaram na operação comercial, enquanto eu autografava. Imaginei que todos pagariam em pix. Qual nada! Só metade. Voltei para casa com a bolsa mais pesada (fossem moedas de ouro…). Uma amiga querida me lembrava a prosa dos pais, sobre o apurado da loja, maior no dia da feira. Lembrei-me disso quando, esquecendo o que havia pagado à editora, contei o apurado em casa. Muito estranho…

A outra surpresa, consultando a Amazon: existem mais cinco teresa sales. Fui clicando em cada uma delas, viajando no tempo. Duas são quase o mesmo romance, publicados apenas virtualmente, para concorrer à publicação por uma boa editora. Perdi o concurso, mas ficaram lá os livros, nas nuvens, tão primários, tão pobrezinhos de capa… Aos meus olhos de hoje, depois de ter avançado muito, desde então, nos meus aprendizados de literatura, eu também não os aprovaria num concurso. Vá aprender a escrever romance, dona moça!  

“Brasileiros Longe de Casa”, da Cortez Editora, não está disponível para venda pela Amazon, mas sim a versão em inglês, publicada por uma pequena editora de Nova York. E aí tomei o último susto: custa a bagatela de hum mil, trezentos e quarenta reais e noventa e nove centavos. Principiei baratinha, vejam só, até de graça, num dos romances virtuais, mas terminei bem cara. Pois a Amazon precisaria mandar buscar o livro em NY, ra, ra, ra.

E assim, querido leitor, querida leitora, encerro essa crônica de hoje, escrita assim, ao correr da pena, depois de um susto, só para não deixar de mandar alguma coisinha no meu bom dia domingueiro.

Deixe um comentário