. Lugar do sertão se divulga: é onde os pastos carecem de fechos; (…)
. pão ou pães, é questão de opiniães…
. O sertão está em tôda a parte.
. Quem muito se evita, se convive.
. Viver é negócio muito perigoso…
. O diabo na rua, no meio do redemunho…
. Família. Deveras? É, e não é. O senhor ache e não ache. Tudo é e não é…
. Qualquer sombra me refresca.
. Viver é muito perigoso…
. (…) tudo quanto há, neste mundo, é porque se merece e carece.
. Dor do corpo e dor da idéia marcam forte, tão forte como o todo amor e raiva de ódio.
. Ah, vai vir um tempo, em que não se usa mais matar gente…
. A gente nunca deve de declarar que aceita inteiro o alheio – essa é que é a regra do rei!
. Diadorim é a minha neblina…
. Sertão é onde o pensamento da gente se forma mais forte do que o poder do lugar. Viver é muito perigoso…
. Tôda saudade é uma espécie de velhice.
. O amor, já de si, é algum arrependimento.
. Quem é pobre, pouco se apega, (…)
. Deus é definitivamente; o demo é o contrário Dêle…
. o Liso do Sussuarão concebia silêncio, e produzia uma maldade – feito pessoa!
. Jagunço não se escabrêia com perda nem derrota – quase que tudo para êle é o igual.
. Confiança – o senhor sabe – não se tira das coisas feitas ou perfeitas: ela rodeia é o quente da pessoa.
. No sertão, até entêrro simples é festa.
. “Riobaldo, a colheita é comum, mas o capinar é sòzinho…”
. (…) me senti pior de sorte que uma pulga entre dois dedos.
. Viver é um descuido prosseguido.
. Pobre tem de ter um triste amor à honestidade. São árvores que pegam poeira.
. Cavalo que ama o dono, até respira do mesmo jeito.
. “Perdoar é sempre o justo e certo…”
. Ser chefe – por fora um pouquinho amarga; mas, por dentro, é rosinha flôres.
. Perto de muita água, tudo é feliz.
. Ciúme é mais custoso de se sopitar do que o amor. Coração da gente – o escuro, escuros.
. O real não está na saída nem na chegada: ele se dispõe para a gente é no meio da travessia.
. O sertão é do tamanho do mundo.
. Cada hora, de cada dia, a gente aprende uma qualidade nova de mêdo!
. Aleluia! Aleluia! Carne no prato, farinha na cuia!…
. Vingar, digo ao senhor: é lamber, frio, o que o outro cozinhar quente demais.
. Da vida, nada me resta – só o deo-gratias; e o trôco.
. Tem horas antigas que ficaram muito mais perto da gente que outras, de recente data.
. Queria entender do mêdo e da coragem, e da gã que empurra a gente para fazer tantos atos, dar corpo ao suceder.
. Mêdo maior que se tem, é de vir canoando num ribeirãozinho, e dar, sem espera, no corpo dum rio grande.
. “Carece de ter coragem…”
. “Quicé que corta…”
(Leitura até a página 85 da quarta edição, Livraria José Olympio Editôra, Rio de Janeiro, 1965)
Agradeço sua coletânea de aforismos. Aproveitei para ler outros textos. Ótimos.
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Obrigada pelo comentário, Célia.
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