Feliz Natal

A Mulher do Sétimo Andar acordou com uma lista de providências e compras prévias às festas. Enquanto o shopping não abre, abriu o computador. Não é que ela queria escrever. Ele, o computador, quem fez o convite. E, se vocês não sabem ainda, fiquem sabendo. A mulher, diferente do ser humano em certas idades de afirmação, quando a tudo dizem não, a mulher é um ser que diz sim. Sim, computador, eis-me aqui para dizer que, com essa lista de compras de hoje, vejo-me na personagem de Virgínia Woolf, Mrs. Dalloway.  Ah, sem dúvida com muito mais a fazer do que aquela lady inglesa que, para a festa, carecia comprar apenas as flores.

De onde a Mulher do Sétimo Andar escreve, na sua mesa de trabalho, espia os três pequenos presépios feitos por mãos de artesãos. Do presépio feito pelo filho na escola, sobrou apenas uma tosca árvore de natal. O barro era por certo muito vagabundo; quebrou a manjedoura com um Menino Deus e uma Nossa Senhora zelando o menino. Eram somente essas as três peças de seu presépio. Seguramente Freud explicaria aquela sagrada família de meu filho aos quatro anos de idade.

A história de Maria da Conceição é das mais bonitas do evangelho. Veio o anjo Gabriel enviado por Deus a uma cidade da Galileia chamada Nazaré e anunciou: “Eis que conceberás em teu seio e darás à luz um Filho, e por-Lhe-ás o nome de Jesus”. “Como se fará isso, se não conheço varão?” “O Espírito Santo descerá sobre ti, e a força do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra. Por isso também o Santo que nascer de ti, será chamado Filho de Deus”. Então disse Maria: “Eis aqui a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra.”

James Joyce, um escritor que sacou a alma feminina melhor do que Chico Buarque de Holanda, conclui o périplo de Leopold Bloom, um homem comum, com o sim de outra mulher, em tudo por tudo não apenas diferente, mas oposto ao sim de Maria. Ao sim de Maria, José, também um homem comum, carpinteiro, passou a ser personagem secundário na história. Está aí sua grandeza. A mesma de Leopold. Ele não poderia dar a Molly o que ela com outros homens. Acomodou a vida à sua maneira, guardando a esperança, quem sabe um dia? Até que, naquele fatal 16 de junho em que tudo aconteceu, aconteceu o sim de Molly. Sim, ela iria trazer seu café da manhã na cama. Sim, ela seria sua mulher e os dois teriam para sempre a felicidade possível.

Porque é importante sempre dizer sim à felicidade possível. Foi essa a conclusão da Mulher do Sétimo Andar, que precisou encerrar essa crônica correndo para não pegar o shopping tão cheio de gente, e aproveitando para desejar a todos um feliz natal!

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